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História do Município de Urupês

Texto por: Luís Fernando da Silva. Departamento de Comunicação Social Escrito em: 10/12/2017

Na década de 1880, em busca de novas terras para cultivo, um grupo de sertanistas, dirigido por Manoel Correia, Inocêncio de Assis, João Cearense e João Pereira chegou às terras onde hoje está localizado o município de Urupês, pela margem esquerda do rio Cubatão-Barra Mansa. Ao chegarem no local, “João Pereira desgarrou-se do grupo em desabalada e, alcançando uma elevação do terreno para contemplar a paisagem, explodiu num rasgo de alegria: ‘Êta, Mundo Novo’” (RUSTICE e BERTINI, 1966). A partir deste brado, proveria o nome da futura colônia: Mundo Novo.

Desde então, novos grupos de sertanistas iniciaram a migração para a nova terra. Entre, 1889 e o início do século XX, já haviam se assomado à localidade Abrão Calil, Antônio da Costa Riberio, Antônio Feliciano Júnior, Bernardino Cardoso, Custódio da Costa Ribeiro, Domingo Logulo, Francisco Caetano de Souza, Francisco Moreira de Freitas, Horta Barbosa, Inocêncio de Assis, João Antônio de Paula, João Cearense, João da Mata, João Pereira, Joaquim Candido Ribeiro, Joaquim Cardoso de Matos, Joaquim Machado Folemberg, Manoel Correa, Maria Cardoso, Orestes da Silva Rosa, Pedro Camilo, Pedro Romero, Primo Borgui e outros tantos que, em sua maioria, eram proprietários de grandes glebas, movidos para o local devido aos rumores de boa qualidade da terra para o plantio.

Paralelamente, o Brasil iniciava a transição de um governo imperialista, de D. Pedro II, para um republicano, por meio da com a Proclamação da República feita em 15 de novembro daquele ano por Marechal Deodoro da Fonseca.

No ano de 1913, Maria Cardoso e seu filho Bernardino Cardoso, proprietários de grandes porções de glebas, doaram 40 alqueires de terras para constituição do Patrimônio de São Lourenço, santo do qual eram devotos (IBGE, 2017). Ainda no mesmo ano, foi erigida a primeira capela dedicada ao santo padroeiro e, em 1914, foi celebrada a primeira missa por um padre jesuíta, pertencente ao bispado de São Carlos, e que percorria o sertão em missão evangelística (RUSTICE e BERTINI, 1966).

Ainda, de acordo com os autores, surge, a partir de então, o nome do povoado: São Lourenço do Mundo Novo, numa associação de ideias: a homenagem ao falecido Lourenço Cardoso – esposo de Maria Cardoso e pai de Bernardino Cardoso, os doadores da terra que constituiu o Patrimônio de São Lourenço –; o Louvor ao santo de devoção: São Lourenço; e da exclamação feita por João Pereira ao avistar a terra recém-descoberta.

Os anos seguintes foram de grandes transformações na economia do Estado de São Paulo, que tinha forte expressão no cultivo do café. Em 1918, contudo, devido à Grande Geada, que reduziu consideravelmente a produção no estado, rumaram para São Lourenço do Mundo Novo diversas famílias em busca de novas terras para o plantio, dentre elas as de: Domingos Jerônymo, Antonio Deodoro do Nascimento, Antônio Jerônymo, Avelino de Abreu Isique, Concilio Tuponi, Diogo Rodrigues, Francisco Caetano, Irmãos Casemiro, João Antonio de Paula, João Lisboa, José Garrido, José Quaresma, Orestes da Silva Rosa, Pedro Romero, Primo Borghi, Sebastião Gomes Caetano e outras.

Em 30 de setembro de 1921, passou a ser Distrito de Paz do município de Itajobi, comarca de Itápolis, e tem seu nome alterado para “Mundo Novo”, por força da lei estadual nº. 1787-b (https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1921/lei-1787B-30.09.1921.html).

Nesta época, a agricultura era o grande destaque que possibilitou o desenvolvimento da economia e sociedade no Distrito de Paz de Mundo Novo. Mais especificamente, foi por meio da lavoura de café que o distrito viu seu progresso, quando, em 1928, sementes de um novo tipo de café, originado do cruzamento das já conhecidas qualidades Bourbon com Sumatra, foi trazida para Mundo Novo. Este café, topônimo do distrito – Mundo Novo – teve sua produção mais significativa e passou a ser conhecido nacionalmente a partir do plantio em terras mundonovenses e, mais tarde, se espalhou para todo o Brasil.

Segundo o Instituto Agronômico de Campinas, Café Mundo Novo possuía elevada capacidade de adaptação, de grande vigor vegetativo e com ótima capacidade de rebrota e de “ótima qualidade de bebida” (INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS).

Enquanto isso, politicamente, Mundo Novo intentava ser município, o que, segundo Rustice e Bertini (1966), era desaprovado pelas autoridades de Itajobi, a quem Mundo Novo era politicamente subordinado. Deste atrito gerado pelos habitantes das duas localidades, sucedeu-se um dos episódios mais memoráveis da história do distrito, na busca pela liberdade política: enfrentamento entre Mundo Novo e Itajobi.

Segundo escrevem os autores, após entrevistas com diversos moradores do já município de Urupês, presentes no acontecimento, no dia 1º de maio de 1928, após a viagem de Orestes da Silva Rosa a São Paulo para requerer que o distrito fosse elevado à condição de município junto ao governo de Júlio Prestes, homens de Mundo Novo e Itajobi travaram uma luta armada pelas ruas da cidade no intuito de lograr êxito ou impedir à força, respectivamente, que o Distrito de Paz se tornasse município.

Com o acontecimento, não demorou muito até que o Governo do Estado de São Paulo, no dia 24 de setembro de 1929, Mundo Novo alcançava sua autonomia, por meio da lei estadual nº. 2.286, emancipando-se da tutela de Itajobi.